segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Henrique,
Faz tanto tempo, tento lhe enviar uma carta. A caneta escorrega no papel, rabisca. As idéias se misturam. A dificuldade de passar os sentimentos para o papel me domina e mais uma folha é amassada. Mas hoje é preciso insistir. Especialmente hoje.
São três anos... de um novo significado, um novo sentido. O que poderia ser dito depois de tanto tempo? Eu poderia falar sobre o amigo que me faz rir, que me dá a mão nas horas difíceis. Poderia falar do crítico que me ajuda a crescer. Ou poderia falar do homem mais carinhoso e atencioso que eu conheço. Eu poderia te encher de elogios clichês, citar poesias, ou músicas românticas. Mas talvez, eu só queria falar das coisas simples: da felicidade que eu sinto em te encontrar depois de muito tempo. De abrir a porta e ver o seu carro estacionado do outro lado da rua, e o seu sorriso aberto vindo me encontrar. O nervosismo de sentar ao seu lado, e cruzar os meus dedos nos seus. A ansiedade por saber que faltam 15 dias para a sua próxima visita, e planejar cada detalhe, sabendo que não vai sair nada como eu pensei e adorar os (im)previstos. Imaginar como seria a nossa vida depois do casamento, que no fundo, a gente sabe que não vai existir...
Esta tinha que ser uma carta muito, muito especial. Porque é uma carta de amor! E quando começei a escrevê-la, temia a complexidade de falar sobre esse sentimento. Medo de ser brega, parecer idiota. Mas eu percebi que esse temor não tinha fundamento, afinal, o amor não é o desespero, as frases feitas, ou as palavras rebuscadas. Ele se faz justamente na simplicidade do cotidiano: no olhar de cumplicidade, no toque desajeitado.
Hoje eu preciso te dizer: é o nosso dia-a-dia com saudades, a rotina complicada, e a confiança construida aos poucos que me fazem comemorar tanto os nossos três anos, e te dizer com convicção: eu amo você.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Desacelerar é preciso

Nada pode parar o tempo. Na tentativa ilusória de não se perder em minutos preciosos, muitas vezes vivemos em uma correria desenfreada rumo a lugar nenhum. A sensação de que a vida pouco a pouco se extingue transforma-se em uma percepção angustiante que se acumula, sem solução e cresce com a correria do dia. Estranhamente, essa sensação incômoda das horas que correm incessantes pode nos tornar maravilhosamente em seres mais humanos. 
Para não nos perdermos no ciclo ininterrupto dos anos, exaustos dos afazeres repetitivos, tão mecânicos aos quais estamos acostumados, é preciso aprender que ao contrário do tempo, não somos eternos. 
Não. O tempo não pára. Pare você então. Por cinco minutos apenas pense. Priorize. Organize-se em prol da sua felicidade e também da felicidade dos que o cercam. Não vá simplesmente com o tempo, girando em um turbilhão de tarefas sem sentido. O tempo não cessa de correr, mas a velocidade do mundo moderno, artificial como a própria moderninade, é um transporte louco no qual você não precisa embarcar sem destino. Programe-se e planeje para onde quer ir e quem deseja levar com você. E aproveite a viagem.
Um ano mais, (ou como querem alguns), um ano a menos. Opte então pela qualidade. Em tudo que escolher fazer, faça menos, faça melhor. Reserve mais tempo para sorrir e para amar. Dê mais abraços, troque mais carinhos. Perca o ônibus se isso significar mais um beijo. Conquiste pessoas. Ajude o outro a ser alguém melhor. Seja você mesmo alguém que goste mais. Não seja sozinho. a mão. E o coração também. Faça do trabalho um prazer e terá frutos doces e uma farta colheita. Seja capaz de se surpreender com o rotineiro, encante-se com o simples, redescubra o prazer de rir por nada. Permita-se o sonho. Somente ele é capaz de transformar.
Tudo passa, inclusive você e seus problemas, então, seja leve. Permita-se parar, apesar de toda a pressa, para encontrar amigos e dar muito amor. O hoje é só o que temos. Faça pois, desse momento o melhor de sua vida.





sábado, 3 de outubro de 2009

Se fossem só duas opções...

Há uns dias, fui numa biblioteca com uma amiga e um diálogo bobo acabou me marcando. A gente tava dando uma olhada nos livros e eu, uma deseperada falei: "nossa, tem tanto livro aqui, que eu não sei o que eu quero ler!" e minha amiga, brincando, me disse: "você precisa aprender a fazer escolhas!" e aí eu parei pra pensar, e vi mesmo que era isso. Que sempre nessa vida queremos muita coisa e mais um pouco, mas nem sempre podemos. Então precisamos fazer escolhas. A nossa vida é feita de escolhas. Se todo mundo fizesse boas escolhas, o mundo não estaria assim do jeito que está.
Podemos escolher entre ser sozinho ou se jogar em namoros, amizades. Podemos escolher estudar ou ser nada, podemos escolher casar e ter um filho ou casar várias vezes e ter vários filhos, vamos ao supermercado e temos zilhões de tipos de shampoo pra escolher, podemos escolher entre mil cursos pra fazer.
O problema, é que quanto mais opções temos, mais confusos ficamos! Como eu fiquei naquela biblioteca.
Ainda mais que não podemos ter tudo. Sem querer ser chata, não podemos mesmo!
Não é fácil, mas é delicioso. Há uns 70 anos atrás, o pessoal tinha muito menos opções. De coisas pra fazer, de shampoo, de cursos. Hoje a gente tem muitas opções, mas fica angustiado. Quem sabe nos sentiremos mais felizes de tivermos a consciência de que, escolhendo algumas coisas ao invés de tudo, ficaremos menos frustados e aproveitaremos melhor a vida. Não leremos todos os livros da bibilioteca, mas leremos vários. E muito mais bem lidos do que se continuássemos tentando ler tudo! =]

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Prazo de entrega

O texto era para a terça.
Palavras encomendadas
Silêncio - foi o que a professora sugeriu
Ah! Se isso bastasse...
A mãe disse:
-Não dá assim, pra racionalizar.
O amigo indicou o tema.

Rodopiando...
A caneta...
A cabeça...
Rabiscos 
Sem mensagem alguma.

Eu chamei.
Ela não veio.

Exigi.
Ela não veio.

Subornei.
Riu de mim.

Desisti.